Filhos... Filhos?
Que coisa louca
Melhor não tê-los!Mas se não os temosComo sabê-lo?Se não os temosQue de consultaQuanto silêncioComo os queremos!Banho de marDiz que é um porrete...Cônjuge voaTranspõe o espaçoEngole águaFica salgadaSe iodificaDepois, que boaQue morenaçoQue a esposa fica!Resultado: filho.E então começaA aporrinhação:Cocô está brancoCocô está pretoBebe amoníacoComeu botão.Filhos? FilhosMelhor não tê-losNoites de insôniaCãs prematurasPrantos convulsosMeu Deus, salvai-o!Filhos são o demoMelhor não tê-los...Mas se não os temosComo sabê-los?Como saberQue maciezaNos seus cabelosQue cheiro mornoNa sua carneQue gosto doceNa sua boca!Chupam gileteBebem shampooAteiam fogoNo quarteirãoPorém, que coisa
Que coisa linda
Que os filhos são!
O texto acima foi extraído do livro"Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195.
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